18 de Outubro de 2017

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publicado por carinafreitas às 19:30 link do post
18 de Outubro de 2017

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Gonçalo Barradas (Psicólogo Clínico, Mestre em Psicologia das Emoções e Doutorado em Psicologia da Música pela Universidade de Uppsala - Suécia) e Carina Freitas (Médica Pedopsiquiatra, Mestre em Neurociências, Doutoranda em Ciências Médicas e Neurociências na Universidade de Toronto - Canadá) vão falar hoje, na FNAC, sobre ‘Música, Cérebro e Emoções’ . Para antecipar a conferência que se realiza às 19h30, os dois especialistas madeirenses falaram ao DIÁRIO sobre o papel que desempenha a música nas emoções e na saúde humana.

A música desempenha mesmo um papel fundamental no nosso quotidiano, mesmo ao nível do bem-estar psíquico e físico?

Gonçalo Barradas (GB) - Sem dúvida que sim. Vários investigadores reconhecem os efeitos da música no bem-estar físico e psicológico dos ouvintes. Por exemplo, a activação de memórias episódicas através da música, poderá ajudar o ouvinte a reflectir em assuntos inacabados ou mesmo inspirá-lo a ultrapassar acontecimentos traumáticos através da reavaliação desses episódios. A música tem ainda influência em variáveis cardíacas e cerebrovasculares, diminui o stress e contribui significativamente para uma regulação emocional eficaz.

Como é que o cérebro reage à música?

Carina Freitas (CF) - A música e seus constituintes (ritmo, tempo, melodia, tonalidade, timbre, harmonia) são considerados estímulos auditivos. Estes viajam pelo canal auditivo externo, ouvido médio, cóclea, nervo auditivo e ascendem até ao córtex cerebral passando por vários núcleos. No nosso cérebro, a música activa vários sistemas: sensoriais, motores, cognitivos, emocionais e de recompensa. Ao contrário da linguagem, não existe um centro específico para a música, mas sim várias áreas distribuídas pelos dois hemisférios.

A música desempenha um papel preponderante nas nossas emoções?

GB - Para responder à sua pergunta será necessário elucidar que nem sempre um episódio musical resulta em emoção. E mesmo quando resulta, esta emoção irá depender de uma série de factores, como a personalidade do ouvinte, o contexto e a música em si. Nem sempre a emoção que percepcionamos corresponde à emoção que sentimos. Uma música poderá ser percepcionada como alegre, no entanto evocar uma tristeza profunda. Neste caso, em algum momento da vida do ouvinte, essa música poderá ter sido associada a um acontecimento traumático.

As reacções diferem consoante o estilo: por exemplo, música mais calma, acalma-nos e música mais mexida, deixa-nos agitados? Ou nem por isso?

GB - Se tivermos apenas em conta os factores constituintes da música (o ritmo, timbre, modo, etc.) facilmente ficamos com a ideia que sim. No entanto, para além da preferência e personalidade do ouvinte, é o mecanismo psicológico activado no preciso momento em que a música toca, que irá influenciar a sua resposta fisiológica ou emocional. Por exemplo, em determinado local (em casa) uma música percepcionada como calma, poderá relaxar o ouvinte, mas em outro ambiente (uma discoteca), essa mesma música poderá ser geradora de stress. Sabemos, no entanto, que quando o ritmo da música sincroniza com a nossa respiração e batimentos cardíacos, mais facilmente relaxará o ouvinte, o chamado entrainment.

Mas não é só nas emoções que a música tem influência. A música pode produzir efeitos terapêuticos?

CF - Exacto. Para clarificar, existem dois tipos de intervenções terapêuticas que utilizam a música: a musicoterapia (realizada por um musicoterapeuta) e a música-medicina, que é a audição de música pré-gravada. Podem ser usadas nas doenças do foro mental (depressão, esquizofrenia), na reabilitação neurológica (doença de Alzheimer, doença de Parkinson, Acidente Vascular Cerebral (AVC), afasia, dislexia, autismo) e durante o tratamento oncológico (quimioterapia).

O campo das neurociências da música está a dar os primeiros passos. A comunidade médica ainda encara esta área e os efeitos da música na saúde humana com cepticismo?

CF- A área das Neurociências da Música tem cerca de trinta anos. Tem avançado ao ritmo do progresso das técnicas de neuroimagem, que facilitam a compreensão dos mecanismos que o cérebro utiliza para processar a música em várias patologias. Na verdade, a música tem a capacidade de alterar a estrutura e funções cerebrais, isto é, é neuroplástica. Estes conhecimentos fornecem as bases científicas para a aplicação da musicoterapia e música-medicina em várias patologias. Por exemplo, na América e no Canadá, estas intervenções já estão integradas nos hospitais com toda a naturalidade.

Qual a principal mensagem que pretendem transmitir na conferência de hoje?

CF e GB - O principal objectivo da apresentação “Música, Cérebro e Emoção” é dar a conhecer, ao público presente, as áreas científicas da Psicologia e das Neurociências da Música, e respectivas abrangências e aplicações. Os temas são vastos, é impossível explorar em profundidade numa apresentação única. Contudo, preparámos um alinhamento cujos conhecimentos a serem transmitidos serão uma mais-valia para músicos, profissionais de saúde e amantes de música. São todos bem-vindos. O saber não ocupa lugar. A cereja em cima do bolo será a actuação da cantora lírica Ana Rita, que irá interpretar dois temas.

 

Link para a notícia:

http://www.dnoticias.pt/impressa/hemeroteca/diario-de-noticias/musica-que-faz-bem-a-mente-e-ao-corpo-BX2198838

Diario de noticias- Carina Freitas e Gonçalo Barr

 

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