23 de Janeiro de 2020

No dia 25 de janeiro de 2019 foi publicado o meu artigo de opinião sobre:

O impacto dos programas de entretenimento na literacia em saúde

 

https://www.jm-madeira.pt/opinioes/ver/3366/Impacto_dos_programas_de_entretenimento_na_literacia_em_saude?fbclid=IwAR2vdm_XiWB2RmMmyKAvd8bZkzmQGswMtwJs5rT-apSCJDZzgz7F11ELbps

 

Os canais de televisão e as plataformas de transmissão online (como a Netflix) exibem vários géneros de programas, que diferem no conteúdo e na finalidade. Estes programas incluem: noticiários, documentários, reality shows, concursos, telenovelas, filmes, séries de TV, etc. As séries de ficção médicas, como por exemplo “Serviço de Urgência” (1994-2009), “Dr. House” (2004-2012), “Clínica Privada” (2007-2013), “Anatomia de Grey” (2005-) ou “Chicago Med” (2015-) atraem grande interesse do público porque são simultaneamente uma fonte de entretenimento e uma fonte de informação sobre saúde.

Estas séries de ficção tiveram a sua origem na América, nos anos 60, altura em que os médicos eram retratados como heróis, como o “Dr.Kildare”. Em 1994, as séries “Serviço de Urgência” e “Chicago Hope” marcaram uma nova era televisiva devido ao maior cuidado no realismo médico (introduzindo o jargão médico) e melhor consistência e qualidade dramática dos enredos. Para tal, médicos e outros profissionais de saúde foram contratados para integrar a equipa de argumentistas ou para prestar serviços de consultadoria técnica.

Em 1998, no auge do sucesso, a série “Serviço de Urgência” atraía 48 milhões de espectadores por semana. Apesar de já não ser emitida, os 158 milhões de subscritores dos serviços da Netflix, garantem o acesso e a visualização dos episódios gravados. A popularidade deste tipo de séries é indiscutível, sendo que, em 2015, “Grey´s Anatomy” era o programa mais visto de quinta-feira à noite pelos adultos (entre os 18 e os 34 anos).

Ao longo dos diferentes episódios (e temporadas) são abordados casos médicos fictícios ou baseados em casos reais. Os temas de saúde apresentados expõem, geralmente, dramas relacionados com: doação de órgãos, doenças sexualmente transmissíveis, violência doméstica, contraceção de emergência, doença terminal, obesidade, patologia cardíaca, capacidade dos doentes para participarem em decisões médicas, etc. É também transmitida informação sobre sistemas e seguros de saúde, baseada na realidade americana. Os telespectadores, para além de acompanharem a história pessoal dos personagens da série, são expostos passivamente a informações de saúde e bem-estar.

Estudos científicos investigaram o impacto da exposição destas séries médicas na literacia em saúde do público alvo. Ficou demonstrado que facilitam a aquisição de conhecimentos, perceções, competências e comportamentos de saúde. No geral, estes programas influenciam e capacitam as populações para hábitos de vida saudáveis. Por exemplo, foi constatada maior preocupação e procura pela medição e avaliação da tensão arterial, após um episódio onde foram descritos os perigos da hipertensão arterial.

Por outro lado, os estudos também mostraram que estas séries criam expectativas pouco realistas sobre o impacto das intervenções médicas nos prognósticos das doenças. Por exemplo, a taxa de sobrevivência após uma ressuscitação cardiorrespiratória nas séries é muito superior às taxas de sobrevivência documentadas na literatura médica.

Não há dúvida que estas séries de entretenimento fornecem informações importantes sobre saúde, e que inspiram muitos jovens adultos a seguir o sonho da medicina e da enfermagem. Contudo, dada a sua popularidade e previsão de continuidade, é recomendável que apostem na qualidade das histórias relatadas, visto que a desinformação pode propiciar a procura desnecessária, e consequente sobrecarga, dos profissionais e respetivos serviços de saúde.

 

publicado por carinafreitas às 10:55 link do post
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